Cientistas ingleses descobrem novo grupo sanguíneo e solucionam mistério de 50 anos
- Miguel Trevisol
- 21 de set. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 4 de out. de 2024
O grupo sanguíneo MAL permite identificar e tratar pessoas que não possuem um antígeno raro, conhecido como AnWj, que foi mapeado há décadas, mas ainda pouco compreendido.
Pesquisadores britânicos anunciaram nesta semana a descoberta de um novo grupo sanguíneo, chamado MAL.
O estudo, publicado na revista científica Blood da Sociedade Americana de Hematologia, foi conduzido por especialistas do NHS Blood and Transplant, do International Blood Groups Reference Laboratory e da Universidade de Bristol. A descoberta resolve um mistério de 50 anos.
O grupo sanguíneo MAL permite identificar e tratar pessoas que não possuem o antígeno raro AnWj, que foi mapeado há décadas e recebeu esse nome em homenagem a Anton e Wj, as duas primeiras pessoas conhecidas a serem AnWj negativas.
Os grupos sanguíneos são complexos e envolvem diferentes sistemas, sendo os mais conhecidos o ABO e o Rh. Dentro de cada grupo, as hemácias podem ter antígenos específicos na superfície, como os antígenos A e B no sistema ABO. Atualmente, existem 47 sistemas de grupos sanguíneos e 360 antígenos reconhecidos.
O estudo, publicado como pré-impressão, identifica o MAL como o 47º sistema de grupo sanguíneo, ao qual pertence o antígeno AnWj. O grupo é caracterizado pela presença da proteína Mal na superfície dos glóbulos vermelhos. Pessoas AnWj negativas apresentam essa proteína de forma incompleta, o que pode ser hereditário (aparecendo em indivíduos saudáveis) ou associado a distúrbios hematológicos e alguns tipos de câncer.
A pesquisa analisou cinco indivíduos AnWj negativos, incluindo uma senhora que participou do estudo inicial sobre AnWj negativo em 1972. A forma hereditária foi identificada em uma família árabe-israelense. Ainda não foram estudadas as etnias de todos os casos para determinar se esse tipo sanguíneo é mais prevalente em algum grupo étnico específico.

Pessoas AnWj-negativas podem ter reações adversas se receberem sangue AnWj-positivo durante uma transfusão. De acordo com a Universidade de Bristol, “essa pesquisa possibilita o desenvolvimento de novos testes de genotipagem para identificar esses indivíduos raros, reduzindo o risco de complicações associadas à transfusão”.
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